Enquanto o Brasil vibra as recentes conquistas de seus atletas no Pan Americano, alunos de diversas escolas públicas em Natal amargam a triste realidade da falta de incentivo ao esporte. Sonhar com uma medalha, ainda que nos jogos escolares do município, não está sequer nos planos dos milhares de alunos da rede pública de ensino.
Na Escola Estadual Antônio Pinto de Medeiros, no bairro Pitimbu, Zona Sul de Natal, alunos que iniciaram o ensino fundamental nos últimos anos chegam ao Ensino Médio sem nunca ter formado um time em alguma modalidade ou sem saber, na prática, o que são aulas de Educação Física fora da sala de aula.
Um dos fatores é visível aos olhos de toda comunidade - ao menos era, até que o abandono a deixasse invisível. A construção da quadra poliesportiva da escola parou. A obra, iniciada há pelo menos quatro anos, foi abandonada pela metade e sem nenhuma justificativa.
Hoje o espaço que deveria ser usado para a prática esportiva dos mais de mil alunos da escola, virou teto improvisado para pessoas em situação de rua e espaço aberto para usuários de drogas.
Mas, o caso está longe de ser fato isolado. De acordo com dados do Portal da Transparência e do Portal das Obras, entre 2014 e 2015, ao menos 10 projetos de obras de construção de quadras em escolas de Natal foram iniciados. Cada um com investimento total de R$489.622,49. Porém, ainda de acordo com os portais, nenhuma foi concluída. A maior parte delas apresenta um andamento de obra inferior a 65%.
O investimento foi realizado pelo Ministério da Educação e fazia parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), sendo o Governo Estadual o responsável pela execução.
Muito além da falta de um espaço físico para prática esportiva, o reflexo do abandono da obra é percebido na falta de interesse e nos altos índices de evasão escolar entre os jovens de 14 a 17 anos. O Projeto Potiguar, iniciativa voluntária da jornalista Marina Cardoso, acompanha a mais de seis meses as três turmas de 9º ano da escola.
Um dos alunos, que sonha em ser advogado para "ajudar às pessoas injustiçadas", diz que acha um desperdício de terreno. "Essa quadra deveria ser muito mais do que é hoje. Poderia ser usada para que os alunos estivessem mais próximos dos seus sonhos, de ser alguém melhor na vida", avalia.
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