O baixo percentual de participação feminina em alguns cursos de engenharia não chega a surpreender por ser um fenômeno mundial e observado em outras universidades. Mas a UFRN aposta em algumas iniciativas que buscam diminuir essa disparidade. Uma delas é o Futebol de Robôs, um projeto desenvolvido no Departamento de Engenharia da Computação e levado para escolas da rede pública com a intenção de atrair mais mulheres para a área tecnológica.
O projeto Futebol de Robôs teve origem no Laboratório de Robótica, onde alunos desenvolveram uma tecnologia mista, capaz de movimentar múltiplos robôs de maneira autônoma e sem interferência humana. Com isso, foi possível transformar o automatismo buscado na pesquisa em um lúdico jogo de futebol, para o qual, inclusive, já existem até campeonatos em uma modalidade específica para robôs.
Paralelo a isso, há um projeto de extensão chamado Robótica como agente incentivador e potencializador da vocação científica e tecnológica de meninas e jovens alunas de Engenharia. Também apelidado como MEG ou Mulheres na Engenharia, a ação de extensão tenta levar os conhecimentos de engenharia básica aliada à tecnologia desenvolvida com o futebol de robôs para meninas de escolas da rede pública de ensino, monitoradas por alunas dos cursos de Engenharia.
Para o professor do Departamento de Engenharia de Computação e Automação Pablo Javier Alcina, coordenador do MEG, a iniciativa tem dupla função. "Da mesma forma que motiva as alunas do ensino médio a buscar a área das engenharias, também faz com que a aluna que já está no curso de Engenharia tenha a sua vocação reforçada, porque também há muita evasão entre as alunas dos cursos de tecnologia".
Na Universidade Federal, por exemplo, dos 183 alunos matriculados no curso de Engenharia da Computação, no campus central, apenas 29 são mulheres. Em Engenharia Mecânica, são 226 homens para 45 mulheres. Em Engenharia Elétrica, a presença feminina é ainda menor, apontando apenas 65 mulheres para 381 homens, o que equivale a dizer que apenas 14% dos 446 alunos regulares no curso são do sexo feminino.
O futebol de robôs envolve conhecimentos mistos de várias disciplinas que podem ser trabalhadas com as estudantes do ensino médio para que estas percebam a aplicação prática do que é estudado. As alunas de engenharia levam o campo de futebol e os robôs nas visitas às escolas e buscam compartilhar os ensinamentos, que às vezes funcionam até como reforço escolar. "Na escola em que eu estudava nunca tive aula de matemática e tive poucas de física e hoje eu estou na UFRN cursando uma graduação de exatas. Esse contato desperta a curiosidade de aprender e eu descobri que gostava daquilo", conta a aluna de Ciência da Computação Jaisa Barbosa, que hoje também é monitora do projeto.
O grupo usa conhecimentos de física, eletrônica, eletricidade e impressão 3D, entre outros saberes desenvolvidos no futebol de robôs, divididos em módulos, com o objetivo de que, ao final do semestre, as alunas consigam desenvolver o próprio robô. No momento, 32 alunas de escolas estaduais são acompanhadas pelo projeto, mas a ideia é de que essas meninas se transformem em multiplicadoras após o encerramento das atividades, compartilhando o conhecimento adquirido.
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